terça-feira, 1 de março de 2011

REVIVENDO

O pai do meu amigo está vivo
E eu revivi também.
Não sei se piegas ou melodrama
Me vi em tecituras que, por dever de ofício, anestesiei – sou sacerdote.
Sacerdotes não devem comover-se.
Oficializam
Batismos, casamentos, velórios
Impávidos
Com a palidez taciturna da isenção
De quem está acima
Das humanas diabruras da alma
Que se comove e se contorce.
Sacerdotes são imunes.
Sou sacerdote.
Não sou.
Meu cristo chora, lamenta, xinga, exorciza
E eu
Desavisado
Imito.
O pai de meu amigo está vivo.
Após divina intervenção cirúrgica.
E eu revivi.