domingo, 16 de janeiro de 2011

CORPOS

Seu corpo
ave aninhada em meu peito
doce enleio de seu beijo
carícia na alma adormecida.
O olor de sua pele
redescobre o desejo esquecido
de paixões doídas.
Sua pálida nudez
percebo-a com minhas mãos
que lhe conhecem,
que lhe vasculham
e se alojam
onde sua alma grita
e seu corpo fraqueja.
Olhá-la
volvendo-se em mim
na face o riso
de espasmos
carinhosa busca
que ajusta sonhos,
que ajunta corpos
que se sondam
e se enfronham mútuos.
A massa informe
como ícone sagrado que milagrosamente gera
suores, salivas, licores...
E assim cobertos
de si mesmos
o silêncio sela
o que há pouco fôra
a ressonante melodia dos amantes.

Brasília, 1992.

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