segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

CAMILA

A nudez límpida de Camila
contrastava
com o quarto turvo.
Era como gravura
de bico de pena
onde a luz incidisse apenas
no corpo de Camila.
Na cena
meu corpo não tinha a menor importância.


Camila não tem perfume.
Não podem ter perfume as camilas.
No entanto
a pele de Camila tinha cheiro
cheiro de Camila.
O melhor dos cheiros
que minhas narinas guardam.

Ao inalar Camila
uma alucinação tomou-me
e eu percebia Camila
não mais sendo Camila
mas ela mesma
e mesmo assim se abria
não mais por pena
como se quisesse apenas
fundir-nos.

Um comentário:

  1. "Era como gravura de bico de pena". Já leu "Menino a bico de pena", da Clarice Lispector?

    Beijos.

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